quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

TRAVESSURAS DA MENINA MÁ

Resenha escrita pela jornalista Maria Truccolo* (PUC/RS), gaúcha há 13 anos em São Paulo
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" Travessuras...", do escritor peruano Mario Vargas Llosa (2006 – Ed. Objetiva/Alfaguara) narra a trama de um amor sadomasoquista e covarde de parte a parte na dupla de protagonistas. "Uma tarde, sentados no jardim, ao crepúsculo, ela me disse que se algum dia eu pensasse em escrever a nossa história de amor, não a deixasse muito mal, senão o seu fantasma viria me puxar os pés todas as noites. – E por que pensou isso? – Por que você sempre quis ser escritor, e nunca teve coragem. Agora que vai ficar sozinho, pode aproveitar, assim esquece a saudade. Pelo menos, confesse que lhe dei um bom material para escrever um romance. Não foi, bom menino?" Ricardo Somocurcio, o suposto bom menino, vive às voltas com o fantasma de Lily (primeiro codinome da menina má), porque não tem coragem de amar a Lily real e por isso mesmo é massacrado por ela, uma masoquista que, se não encontra ela mesma um sádico, transforma-se em sádica. Nesse caso, Ricardito faz o papel do masoquista, o que goza no sofrimento. Quando tem a chance de se unir definitivamente a Lily, tenta transformá-la na mulher caseira, casada, que ela não é. Em repúdio, e porque não quer assumir o papel de masoquista, Lily se vai e esvai pelo mundo, tão covardemente quanto Ricardito, porque, como ele, até ama, mas não sabe amar. "Mineiro só é solidário no câncer", disse Nelson Rodrigues. Ricardito finalmente aceita Lily, quando esta revela um câncer terminal que a levará à morte. Nova vinda e ida. Mas, agora, definitiva.
* Pseudônimo adotado pela autora para textos gratuitos

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